Instituto Moreira Salles de São Paulo traz obras e revê a trajetória da artista Paz Errázuriz, que atuou durante os anos da ditadura chilena retratando o cotidiano dos manicômios

                                    

As atividades culturais na capital de São Paulo já estão em retomada. No dia 13 de outubro, o Instituto Moreira Salles (IMS) reabriu na Avenida Paulista com uma exposição da fotógrafa chilena Paz Errázuriz. A mostra faz uma retrospectiva da trajetória da artista e apresenta mais de 150 imagens produzidas por ela.

Mulheres pela Vida, da série “Protestos” (1988), de Paz Errázuriz
Paz Errázuriz no prêmio Nobel de Artes Plásticas de 2017. Foto: Ministerio de Educación (Chile)

Depois de sete meses fechado, desde o início da pandemia, o espaço voltou a funcionar com a flexibilização da quarentena na cidade de São Paulo. A entrada é gratuita e a visitação vai até o dia 3 de janeiro. É preciso agendar a visita pela página do instituto.

Autodidata, Errázuriz começou a trabalhar com fotografia nos anos 70, após parar de lecionar devido a ascensão da ditadura de Augusto Pinochet (1915 –2006). Em 1981, fundou a Associação de Fotógrafos Independentes que documentou as manifestações e outras expressões de resistência contra o regime.

Durante toda sua carreira, Errázuriz dedicou sua criação a trabalhos autorais em que estabelece relações com comunidades muitas vezes estigmatizadas. Frequentou e retratou por um longo período os internos do hospital psiquiátrico Philippe Pinel de Putaendo, próximo da capital chilena, Santiago. Além de registrar o cotidiano de transexuais que trabalhavam em bordeis da capital chilena no ensaio ‘O pomo de adão’.

Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, Errázuriz diz que havia “poucas mulheres em um espaço em que todos estávamos igualmente diante da ditadura”. No entanto, o cenário está mudando. “Agora é diferente, porque existem muitas associações de mulheres fotógrafas, festivais, exposições, instâncias que lhes permitem se reunir e mostrar seu trabalho”.

Em todas suas obras, uma característica marcante da artista é olhar comprometido com os sujeitos, valorizando a figura feminina, a luta cotidiana e as diferentes formas de resistência despontadas em uma sociedade desigual, muitas vezes com liberdades cerceadas.

Com o atual cenário sócio-político chileno e a volta dos protestos anti-governo – que exigem a convocação de um plebiscito para decidir se os cidadão querem ou não uma nova Constituição – sua obra e trajetória ganha ainda mais relevância.  

No acervo da Urban Arts é possível encontrar e apreciar variados trabalhos de fotografia realizados por outras artistas mulheres ou que retratam a luta cotidiana enfrentada em diversos lugares do mundo. Aproveite para explorar nosso site e conhecer outras peças!

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